Monday, May 25, 2009

Arte imitando vida, e vida imitando arte.

Os dois últimos fimes que vi me tocaram. Na verdade, frequentemente sou tocado pelos filmes que vejo. Não que eles mudem minha vida, determinam regras, indicam minha personalidade. Eles simplesmente cumprem o papel de me fazer refletir sobre o tema proposto, especialmente quando o filme é bem dirigido e bem interpretado.

Pois bem, foi assim com os que eu assisti na semana passada (A Vida de David Gale [2002] ) e sábado passado (Na Natureza Selvagem [2007]). Curiosamente, ambos são baseados em fatos reais, o que os torna ainda mais instigantes e reflexivos (se você ainda não viu estes filmes, páre aqui. Vou contar preciosas partes de ambos, inclusive segmentos de seus finais nem tão felizes assim).

No primeiro, a militância levada ao extremo por um renomado professor de filosofia, David Gale, que luta contra a pena de morte nos EUA. Ele e a melhor amiga querem provar que o sistema é falho e, por isso, inocentes vão para o corredor da morte. Para tal, os dois armam um falso homicídio. A vítima? A própria amiga de Gale. O principal suspeito? Gale. As provas para sua inocência existem e são guardadas por um fanático participante do grupo militante. Gale morre, a prova, um vídeo, vem à tona, e finalmente fica provado que o sistema é, sim, falho.

No segundo filme, Christopher McCandless, um jovem idealista, se despe de seu status de garoto rico e estudado, e foge logo após sua graduação. Com alguns trocados no bolso (que depois são queimados pelo mesmo) e com um carro velho, que logo é abandonado pelo rapaz, Chris sai pelo mundo, a pé ou de carona, com muita mágoa de seus pais no peito e muita vontade de se conhecer e conhecer o que é a liberdade verdadeira, que para ele só tem sentido quando não há apegos materiais. Seu destino: Alasca Selvagem. Mas antes, percorre bons caminhos pelos EUA. É claro como vai se descobrindo ao longo dos mais de dois anos que passa fora de casa. Não só vai se descobrindo, como vai tendo a certeza de que sua escolha é a mais certa, aquela que trás mais felicidade para si. Quando chega ao Alasca, depois de encontrar um "Ônibus Mágico", Chris se agrega à natureza. Nela vive, dela sobrevive. Está feliz, muito feliz. Muitas coisas passam a fazer sentido para ele. Descobre o perdão, descobre Deus, descobre a si mesmo. E descobre, com essas palavras, que "A felicidade só é de verdade quando compartilhada". Eis a hora de ir embora. Mas numa espécia de sátira, a natureza o apriosonara. O caminho que fizera para chegar onde estava não era passível de retorno. Chris entendia que havia ido longe demais. Morre feliz e sábio, mas não pôde compartilhar isso com ninguém em vida.

Como pode? Tenho certeza que muitos, assim como eu, se identificou muito com os personagens descritos (Gale e Chris)... mas o que os faz ter coragem para chegar onde chegaram? O que os diferencia da gente? Olhamos, admiramos... pensamos neles como exemplos de vida. Claro que cometeram equívocos, mas isso jamais é capaz de tirar o "todo" de uma admiração. Quando digo que eles me puseram a refletir não estou querendo dizer que quero ser igual a eles. Apenas quero dizer que é muito difícil imaginar um ponto de inflexão entre a total coragem deles, e minha total ou irrisória covardia. Trago isso para o dia a dia. Quantas coisas não acho errado, quantas coisas não gostaria de mudar, de fazer... e não faço. Eles não são heróis, eles não são divinos. Eles são humanos. Isso eu também sou. E aí? O que os motiva? O que me desmotiva? Sei que a vida é muito mais do que um filme. Mas um filme pode refletir, sim, em várias vidas.

2 comments:

Maria Fe said...

É Mo, primeiramente, foi muito bom assistir a esses filmes com você. E como eu gostei deles viu!
Concordo com sua reflexão. A vida é mais que um filme sim, mas se temos essa arte do cinema ao nosso alcance, por que não tirar proveito dela também, não é? Talvez nem fosse intenção de seus realizadores que fizéssemos tal reflexão, mas é inevitável parar pra pensar.
E ainda que a gente não consiga agir da mesma forma (eu também me enquadro nessa covardia), procuro pensar que já é um passo a mais poder refletir sobre o que nós estamos sendo. Seria uma vergonha se eu simplesmente acabasse de ver o filme, desligasse a tv e nada balançasse aqui dentro.
A luta é grande e difícil, mas se continuarmos dando os pequenos passos, acho que ainda há esperança.

Anonymous said...

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