Wednesday, November 14, 2007

O retorno

Doze anos depois, deparei-me com uma revistinha da Mônica. Achei fantástico... afinal, ando lendo tanto sobre coisas que na minha época de "gibizeiro" considerava o cúmulo da hiper-chatice que adorei a idéia de voltar no tempo nas páginas do Mauricio de Souza. Lembro-me que naquela época, quando cursava a sexta série do ensino fundamental, antigo primeiro grau, nossa professora de português reservava as aulas da sexta-feira para que lêssemos textos ou apresentássemos pequenas peças teatrais para a turma. Sempre (SEMPRE) fazíamos teatro, eu e meus colegas da época... Hugo, Bruna, Geraldo... outros que não lembro o nome, e que possivelmente não lembram de mim também. Pois bem... éramos felizes... as estórias das revistinhas eram facilmente retratáveis em pequenas peças teatrais, que tiravam gargalhadas da turma e suspiros de orgulho da professora Firmina. Chico Bento, Mônica (que achava realmente chata), Cebolinha, Magali e Cascão... estes dois últimos, meus favoritos. Fora os coadjuvantes: Franjinha, Penadinho e sua turma, Anjinho, Horácio, Pipa, Tina, Rolo. Todos tinham lugar nas peças, até os cachorros... o Bidu, do Franjinha, e o surreal Floquinho, o estranho cachorro do cebolinha. Nostalgia pra dar e vender...

Mas deixe-me voltar ao fato atual. Abri a revistinha e deparei-me com uma grande carga de modernidade. De cara uma estorinha (aquela de três quadrinhos na última página da revista) onde Mônica e Magali falavam do novo celular que a Magali havia comprado e que fazia de tudo. No meio da revista, a estória de Pipa e Tina, em que Pipa havia feito um curso de costura pela internet e queria costurar um vestido pra Tina (que, diga-se de passagem, está menos bonita que antigamente). Depois uma mega estória da Dona Morte contando estórias pras crianças da turma do penadinho que parodiava as super atuais estórias do Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado. E pra finalizar, a estória do Anjinho, que perdeu seu posto de protetor da vila para um robô anjo, porque São Pedro queria modernizar o céu com computadores e anjos programados. Tudo isso me causou um sentimento rotineiramente citado no mundo contemporâneo. Esse mesmo sentimento que nos faz relembrar nossa infância ao criticar a infância atual. E me vem a pergunta: foi o mundo que causou tudo isso, ou foram nós mesmos que construímos esse “brilhante” mundo tecnológico para nossos filhos? Sem usar de positivismo ou maniqueísmo dicotomizante, penso que houve um mutualismo de forças. Os pais, querendo o conforto que não tiveram na infância, influenciam as decisões e escolhas dos filhos. E obviamente, o mercado faz questão de atender essa nova era tecnológica da melhor forma cabível: produzindo cada vez mais tecnologia.

É assim com tudo: Bola, só se for jogar futebol no play station 3 (existe algum mais novo?). Carrinho, só se for controle remoto, que pisque o máximo possível. E no mais, internet, internet, internet. Namoram mais cedo. Começam a se preocupar precocemente pela beleza padronizada e futilizada do mundo da moda e da etiqueta (baaah, pra Glória Kalil). Perdem o precioso tempo que têm pra brincar. Penso que hoje os pais reclamam que antigamente não tinham tempo pra brincar, pois eram tempos mais difíceis e tinham que trabalhar cedo. No futuro, essas crianças dirão que na época de suas infâncias não podiam brincar, pois estavam preocupados com o mundo ao seu redor.

Queria ver meus filhos apresentando teatrinhos da turma da Mônica pra seus coleguinhas... mas como, se quando eles estiverem com 10 anos, estarão com chips em seus braços, e tecnologia em suas mentes, desenvolvendo protótipos para brincar com algum reality show?

Monday, February 12, 2007

Aniversário do Futuro improvável
Imagina... 12 de fevereiro. Acordo feliz, pensando que 24 anos de vida é uma vitória. Levanto cantarolando, ensaio danças enquanto escovo meus dentes. Faço meu lanche batucando com os talheres na mesa da cozinha. Ponho uma música no som do quarto e me troco para ir à faculdade. Pois isso se chama felicidade.
Várias pessoas passam por mim na rua e não sentem minha euforia. Algumas, que me conhecem, passam. Apenas passam. Não que eu exija delas que passem ao meu lado com aquele sorriso às vezes sincero, às vezes forçado, às vezes falso, e às vezes, que ironia, um sorriso triste. Pois bem... neste caso, nenhum tipo de sorriso. As pessoas simplesmente passam.
Na hora do almoço, sento, só, numa mesa, para almoçar no restaurante da universidade. Estou lá, comendo aquela apetitosa azeitona com caroço, quando uma turma de rapazes arrastou a mesa ao lado e juntaram-na à minha. “Querem sentar-se juntos”, pensei. Sim. Eram oito rapazes e 7 cadeiras vagas. “Irão pegar uma nona cadeira na mesa de trás”, pensei. Não. Os sete rapazes sentaram-se, enquanto o oitavo sobrepôs sua bandeja sobre a minha, arrastou a cadeira que eu estava sentado, e sentou-se, não sobre mim... não em cima de mim. Ele sentou em mim, ultrapassou aquilo que chamo de carne e ossos, e que ele, a esta altura, chama de “nada”, e assentou-se à cadeira, e começou a comer.
Fiquei por alguns minutos parado, observando o interior do cérebro do rapaz, que inclusive viria a morrer de um aneurisma que eu, mesmo não sendo médico, notara em seu lobo occipital. Mas ainda estava embasbacado. Tudo me reconhecia: A escova de dente, os talheres do café, as chaves que abriram para mim a porta e o portão de casa, a bandeja do restaurante, até a mesa e a cadeira. Todos me reconheciam, todos os objetos. Realmente seres humanos não me viram. Não havia conversado com ninguém e por diversas vezes fui ignorado, tanto na rua quanto em ambientes públicos da universidade.
E engraçado como o rapaz viu minha bandeja, e colocou a dele sobre a minha sem questionar nada.Assim, passei o resto do dia. Num universo paralelo. Uma forma de não ganhar “parabéns”, de não receber abraços, de não contar às pessoas como é ter 24 anos, uma forma de não comemorar com seus amigos mais um ano em que vivo neste mundo. Ainda bem que isso acontece apenas no dia do aniversário. Já no dia 13 de fevereiro, escuto “Onde esteve ontem?” E todos os parabéns, todos os abraços, todos os sorrisos verdadeiros ressurgem. Apenas não acho a Vitória. Hoje é seu aniversário e queria dar um abraço nela. Acho que vou deixar para amanhã.

Thursday, February 08, 2007

CONTE PIADAS
João caminhava em direção à sua casa quando lembrou-se de uma piada que um amigo havia lhe contado em algum lugar, algum dia, em alguma ocasião, por algum motivo desconhecidamente esquecido. Foi tão fundo na lembrança que começara a rir, sozinho, no meio da rua... não aquelas risadas que se dão gargalhadas e que tornam-se motivos de chacotas por parte de quem vê... Era um sorriso mimoso, seja lá o que isso signifique, mas a palavra caiu bem para a singela atitude do rapaz. João estava aí, na calçada, caminhando, com os lábios esticados por uma vontade saciável de rir, mas ele não queria saciá-la. João riu... foi esticando os lábios até que expirou bruscamente com as narinas e, desse fato, mostrou-se os dentes. O riso estava completo. Andando ao lado dele, em direção igual e sentidos opostos (bendita física), Marilda, que não lembrara-se de nenhuma piada, fato, acontecimento, ou qualquer outra coisa que a fizesse dar uma risada como a de João, apenas olhou para o rapaz... e riu, pelo simples fato de ver alguém, sozinho, andando na rua, e rindo de sabe-se lá o que. Achou tão engraçado que começou a rir também, na mesma lógica do passo a passo: Esticou os lábios, expirou bruscamente, como se estivesse tirando algum alergênico do nariz, e mostrou os dentes. João, a essa altura, ainda estava rindo, mas estava longe. Marilda, ainda rindo, encontrara com Gabi, que estava, inclusive de nervos agitados, devido à tão difamada, estúpida, TPM. Mas, ao avistar tamanha audácia, uma pessoa rindo sozinha na rua enquanto ela mesma sentia-se mal-amada, parou para pensar "do que diabos está rindo essa rapariga?" E sacramentou os gestos corriqueiros... Blá, blá, blá, e zupt! Dentes à mostra... Daí, encontrou-se com Fabrício, que encontrou com Ronaldo, depois Agatha, Fernanda, Thiago (claro que sempre haveria de ter um thiago na estória... e com 'th', óbvio), Francisco, e foi se disseminando para Willian, Jhon, Peter, Amelie, Franchescco, Fridrich, Van der Ghotem, Manoel, Henricco, Kasaka, Okosuma, Guentchov, Mamula, Mohamed, Shuala, Gohan, até chegar em... João.
Conte piadas.

Wednesday, January 24, 2007



Que se torne branco tudo aquilo que valer à pena o homem não ver, ignorar. Assim... o branco, mesmo que alvo, existirá... pelo simples fato de ser intocável pelo ser humano.

Saturday, January 20, 2007

Mundo Esférico

Existe uma distância tão grande entre meus "eu´s" que eles se encontram num ponto em comum: Eu mesmo.