Tuesday, February 28, 2006

Ciclo da Vida

O ser humano nasce, cresce... mas antes de crescer, ao nascer, o ser humano chora. É no choro, do filho e da mãe, que começa a vida.

O ser humano nasce, chora, dorme... e se alimenta. Ao sugar do seio materno o sustento dos seus pacatos dias, o ser humano ama. Mãe e filho se olham com a razão pura do amor, e o ser humano cresce. Não apenas biologicamente, mas também como ser humano que há de ser. Dos primeiros avisos sonoros, resmungos, surgem os primeiros encontros vocálicos... e o ser humano fala.

O ser humano pede, exige, cai... cresce. Além do conhecimento informal (que faz do ser humano um autêntico ser humano), entra para a escola: o conhecimento formal. E o ser humano cresce.

O ser humano ama. Pela primeira vez ele percebe que existe adrenalina em seu corpo, no seu ensejo incontrolável pela pessoa amada. O ser humano é iludido. Ele perde o amor pela pessoa amada. Às vezes há sensação de perda quando na verdade tudo não passou de esperança não concretizada. Sempre amou, mas nunca o amaram em reciprocidade. E o ser humano volta às origens... ele chora... ele cresce.

Aos poucos a imensidão imensurável daquele vazio, num silêncio profundo, em meio a seus prantos, ressurge de sua ilusão e sorri para si mesmo. No momento, não espera reciprocidade de alguém, mas oferece o amor recíproco em seu peito almejado por uma pessoa feliz, um ser humano... que não se iludiu, não perdeu, não chorou... mas cresceu.

O ser humano chega, então, ao estágio da reprodução. Aqui ele reproduz não apenas seu próprio eu, mas também todos os conhecimentos obtidos ao longo de sua vida. O ser humano sente necessidade de recalcar em seus filhos os desejos oprimidos desde muito tempo até os futuros... e o ser humano cresce.

O ser humano vê suas origens nos filhos... e envelhece. Olha para trás e percebe que viveu pouco o pouco que viveu. Tenta aconselhar os outros a deixarem suas vidas serem curtas... em vão... seres humanos só dão valor à vida quando esta está no fim.

O ser humano aprende com a nova geração... novos conceitos, novos estilos, tradições... e o ser humano cresce. De seus cabelos brancos nasce a vontade de voltar atrás e refazer a vida... o ser humano, renasce pelo choro que escorre em suas rugas...

O ser humano morre.

Sunday, February 26, 2006

"O Casamento"

Enfim, você entrou na Igreja... ao primeiro passo seu, entrando no que seria o refúgio testemunhal de uma união, lembrei de toda nossa estória. Nosso primeiro encontro... nosso primeiro beijo, nossa primeira noite de amor. Lembrei de como passei os melhores momentos da minha vida ao seu lado. Por você, reneguei meus princípios e aceitei o fato de que a paixão por você me levaria à felicidade eterna. Cada passo seu, agora, entrando na igreja, martelava a estória de amor mais profunda que eu conheço: a nossa. Você sorrindo, feliz... eu, nostalgicamente encantado com a perfeição de sua beleza. Difícil acreditar que conseguiria ser mais linda do que já é normalmente. Passo a passo você caminha... a ansiedade do seu coração só não o faz mais veloz que o meu. Te olho fixamente, esquecendo de tudo e todos que estão ao meu redor. Neste momento, para mim, só existe você. É a sua presença que importa... é a sua entrada que me faz pensar em nada. Apenas... na sua presença. E você, entrando na igreja, com um sentimento de que o momento tornou-se irreversível, depois de passos após passos, sorrisos após sorrisos, lágrimas, após lágrimas, chegou ao altar... pegou a mão de seu noivo e disse "sim". Os detalhes não posso eu relatar, já que não suportei a dor de te perder, e fugi antes que chegasse ao altar.