Wednesday, December 27, 2006

Sinto em mim uma dependência. Uma tendência ao "euísmo", uma pendência ao "outrismo". Sinto em mim uma dependência de mim mesmo, com fugas ocasionais. Ao invés de euísmos e outrismos, quero tranquilismos, sensatismos e certezismos. Chega de abismos...

Monday, October 16, 2006

Quem somos? Aí vai a minha inútil opinião...

"Somos nada mais nada menos que um quinze-avos daquilo que teríamos a capacidade de ser se fossemos fortes o suficientes para buscar o que queremos ser."
VEJAM... ESSE SOU EU.

Eu sou o que quero para mim
Eu sou o que querem que eu seja
Eu sou aquele que falta muito para ser algo
Eu sou aquele que já fez tanto que já é muito
Eu sou a melancolia em pessoa
Eu sou a alegria que entoa cantos de alegria
Eu sou poético, hematopoético, caquético, hermético, médico
Eu sou figura retorcida pelas mentes abstratas das pessoas inexistentes
Eu sou um complexo de incógnitas
Eu sou Feliz, triste, espontâneo, introspectivo, bonito, feio
Eu sou o que interpretam que eu seja
Eu sou 6 bilhões de "eu´s".
Ah! Quanta Vontade!

Posso eu, em outra vida, se é que haverá outra, escolher meu ponto de equilíbrio? Poderei eu desfrutar da plenitude fraternal, da plenitude pessoal? Poderei eu ser quem eu quiser ser... sem me prender naquilo que querem que eu me prenda? Poderei sair do meu mundo, de vez em quando, para comprar um pouco de esperança no universo ao lado, se é que precisarei de esperança? Consiguirei serguir os caminhos que aparecerem na minha frente ou poderei eu ter a satisfação de ver os caminhos tendo de escolher entre eu e outro ser? O ser humano já sofreu muito nesta era... ela podia acabar logo, para começarmos a nascer denovo, viver denovo, e morrer melhor.
PROFESSORES DE NÓS MESMOS

Aprender. Aprender sempre. Melhor que isso é saber que somos nossos prórpios professores. A vida é nossa sala de aula e nossos recursos (auto)didáticos são, principalmente, os erros: Nossos erros e os erros dos outros. Podemos perceber através de nós mesmos como somos professores obsoletos e nada didáticos. Pra começar, para você aprender com seus erros (chavão ou não, é assim que é), temos que, antes, reconhecê-lo como erro e não como uma simples falha do seu sistema universal e intransponível de acertos. Depois, após esta difícil arte de reconher que somos seres humanos, temos que perceber aonde foi que erramos. Onde foi que deu errado. Ah, estamos começando uma belíssima caminhada... a de acertar da próxima vez. O problema, é que nos fixamos apenas nos 'erros' e nos esquecemos dos 'quase-erros' que por descuido tornam-se erros banais. Aí recomeça o ciclo. Sobre o "aprender com os erros dos outros", não vou entrar neste mérito. Ainda não sou um professor de mim mesmo capaz de utilizar este recurso didático.
A FOME DO COMPLETO
Nem só de pão vive o homem, mas de tudo mais. Vive ele de comida, vive ele de alegria, vive ele de prazer, vive ele de cultura. Amor, paz, soberania, autonomia... Enquanto houver homem, haverá complexidade. Eis o ser que merece todos os olhares possíveis: A biologia tenta vê-lo como um emaranhado protéico, uma "reação" ambulante... As ciências sociais tenta vê-lo como ser, oras, social! Uma metamorfose cultural ambulante,,, Sim... somos tudo isso... A terra ficará mais fácil de se morar quando nela houver pessoas que percebam o que são: seres sociais, antropológicos, psicológicos, biológicos, ecológico... lógico! Enquanto houver partes, não se verá o todo. Enquanto o biólogo estudar apenas o biológico e o cientista social estudar apenas o social, não seremos, verdadeiramente estudados, compreendidos... O homem se conhece pouco... eis uma das justificativas... Não sabemos quem somos, por que não sabemos ser.

Wednesday, July 12, 2006

Rotinas

Abro os olhos.
Escovo os dentes, faço meu lanche, visto minha roupa, passo desodorante, tranco a porta, confirmo a trancada, fecho o portão, confirmo a trancada.
Pego o ônibus, dou "bons dias" desconhecidos e inreflexivos, chego ao trabalho, dou "bons dias" pensando no "até amanhã".
Sento, levanto, atendo, converso, vendo, varro, limpo, organizo, telefono, vou ao banco, e na volta deste sento num banco, fumo um cigarro, me sinto livre, volto ao trabalho, onde repito até as inconveniências, dou "até amanhã" chateado com os "bons dias" do dia seguinte.
Chego em casa, abro o portã, fecho o portão, abro a porta, fecho a porta, tomo banho, faço a barba, como alguma coisa, leio um livro, assisto a um filme, deito, fecho os olhos... durmo.
Abro a porta, fecho a porta, abro o portão, fecho o portão. A preocupação com a tranca é inexistente. Pego o ônibus, dou "bons dias" satisfeitos, reflexivos, prazerosos e sinceros. Todos respondem, uns com mais, outros com menos, mas todos com alegria.
Sento levanto, descanso. Sou reconhecido e valorizado. Todos são normais, as ruas são espaçosas, as bolsas são expostas, os relógios são de pulso, o banco da praça é mais valorizado que qualquer outra espécie de banco. O negro é negro, o branco é branco, e a criança... apenas criança. O amor é sincero, a moral e a ética reinam, o etnocentrimo é calado, a cultura prevalece.
Chego em casa, a televisão já está ligada em alto volume. Abro os olhos. De volta à realidade.
Versatilidade

Eu sou o que quero para mim.
Eu sou o que querem que eu seja
Eu sou aquele que falta muito para ser algo,
Eu sou aquele que já fez tanto que já é muito,
Eu sou a melancolia em pessoa
Eu sou a alegria que entoa cantos de alegria
Eu sou poético, hematopoético, caquético, hermético, médico
Eu sou figura retorcida pelas mentes abstratas das pessoas inexistentes
Eu sou um complexo de incógnitas
Eu sou Feliz, triste, espontâneo, introspectivo, bonito, feio
Eu sou o que interpretam que eu seja.
Eu sou 6 bilhões de 'eu´s'.
À Procra do Meu "eu"

Quero saber quem eu sou
Como é o meu "eu"
Por isso, páro em frente ao espelho
Na esperança de ver minha vida refletida
Junto à minha imagem.
Cabisbaixo, pego no papel e no lápis
E agora pretendo escrever o que sou eu
A conslusão é triste e subjetiva...
Ao invés de metáforas e momentos
Sou um cara que procura num simples espelho
Toda a vida que já vivi.

Monday, July 03, 2006

Apelo contra Fome

Fome... palavra pequena, significados diversos. Para os ricos, fome é mera conseqüência da falta de tempo, rapidamente saciada num belo restaurante japonês. Para os pobres, estúpida conseqüência da falta de vergonha da humanidade como um todo, principalmente daqueles que nos governam. Mas se pararmos para pensar, analisar e nos autocriticar, chegaremos a uma conclusão tão imunda quanto à dos pensamentos neoliberais que governam nosso planeta.

Josué de Castro, pernambucano, médico, estudioso da nutrição humana, sociólogo, geógrafo, filósofo e político. Belo currículo para uma bela personalidade brasileira. Mas a principal atribuição que será dada a ele durante o futuro incerto da humanidade é sua formação humanista. Mostrou ao Brasil que tínhamos famintos. Mostrou ao mundo tínhamos fome. Se mostrar causasse impacto, teria alcançado facilmente seus objetivos. Mais que isso, precisou mostrar e correr atrás de respostas, de atitudes. Por isso, foi exilado. Mesmo de longe, continuou lutando.

Josué de Castro mostrou para a humanidade o que estava à nossa frente e não queríamos ver. Desatou nossos olhos para um mundo desigual, injusto e miserável. E mais que isso, provou que não era falta de comida que levava à fome. Contrariando a teoria malthusiana, Josué de Castro mostrou que passávamos fome por irresponsabilidade política. Foi o primeiro passo.

Passaram-se décadas, e ainda hoje a situação continua incerta. Fome: o que nós podemos fazer para mudarmos essa realidade? Aqui entra a conclusão que já foi afirmada no primeiro parágrafo. A fome é uma conseqüência de uma sociedade capitalista neoliberal, que como tal faz com que seres humanos se tornem humanóides uns para com os outros e transforma a vida, que deveria correr normalmente em paz e igualdade, em uma corrida pela sobrevivência própria, meramente própria. Temos sim culpa da fome no mundo a partir do momento que não fazemos nada para mudarmos a situação. Pensamentos do tipo “não sou culpado pela fome no mundo” é uma conseqüência de um sistema que engana, destrói, corrompe, mata. De maneira bastante sucinta, podemos concluir que se o capitalismo gera fome e nós alimentamos o capitalismo, oras, geramos fome. Se não podemos com o capitalismo, lutemos para que, pelo menos seus efeitos sejam menos devastadores.

Critiquemos o nazismo. Matavam apenas por matar. Por achar que judeus, homossexuais e negros não eram espécie humana. Critiquemos sim, mas não sejamos hipócritas. Os nazistas tinham plena certeza que estavam matando seres não humanos. Não desmerecem as críticas por esse fato, mas de certa forma, eles não estavam sendo hipócritas: expunham seu pensamento, por mais absurdo que para nós parecesse, e agiam em conformidade com sua ideologia. Agora nós sim somos hipócritas, pois sabemos que os que estão morrendo de fome são seres humanos. O que para muitos, não muda nada.

Paramos para pensar um pouco. Imagine que fosse feita uma pesquisa de opinião pública com 100% da população mundial a partir de uma única pergunta simples e objetiva: Você gostaria que a fome no mundo acabasse? Não temos dúvidas de que a imensa e esmagadora maioria diriam-se “humanista” e conclamaria um esbelto, orgulhoso e alto “Não”, “No, I Don´t”, “Non”, “He”, “όχι”... Todas as línguas se uniriam para proclamar o “não” à fome. Aí vem a pergunta: o que falta então para que a população faça sua parte? Informação? Vontade já sabemos que não é. Vontade todos nós temos.

Temos que parar de chorar. Temos que parar de ser apenas contra o imperialismo norte-americano. Temos que parar de apenas escrever textos como esse e partir para a luta. Lutar sabendo que não é obrigação nossa apenas salvar os famintos do mundo. O objetivo da nossa luta é mais amplo. É dar dignidade tanto aos que passam fome quanto a nós mesmos.

Wednesday, May 31, 2006

Otimismo: Inimigo da Perfeição

Entrei. Bastou que me pedissem educadamente para entrar que não resisti. Me surpreendi com a categoria que me representava... eram carpinteiros sim... em voz e em coração. Me deram a chave do futuro.

Em minhas mãos a decisão de como seria o futuro... pensei então num futuro próspero para a humanidade... Todos trocando seus lanches na escola, e não apenas uns pedindo e outros negando. Todos tomando água de coco na praia... e não apenas uns bebendo e outros pedindo o facão ao dono do bar para repartir o fruto e se alimentar da massa branca de seu interior.

Imaginei também as crianças brincando em diversas tonalidades... trocando brinquedos... iguais em valor... mães conversando sobre suas crias, na sombra fresca de uma árvore... imaginei que ali estavam seguras... o pirulito na boca dos infantes seguro das mãos de bandidos atrapalhados que “deixam” as armas soprarem o sopro da morte à humanidade.

Imaginei o povo no planalto central... fazendo festa com as leis que agora se desgrudavam do fino papel e ganhavam o rumo dos planaltos, planícies, rios, morros, litorais... do Brasil... e chegava nas casas de TODOS os brasileiros... e assim aconteceria com cada país.

Imaginei o negro sorrindo... livre... imaginei o negro lutando contra a discriminação do branco... como há brancos lutando hoje, pela discriminação do negro. Essa seria a única punição aos brancos que imaginaria no futuro pelo que são hoje.

Imaginei domingos de sol, pessoas se banhando em rios limpos, pássaros se destacando na floresta, descendo até a superfície da água límpida, pescando... e o homem, apenas observando... com admiração maior do que sente hoje, quando vê pássaros enjaulados em seus próprios quintais.

Pensei também que todos teriam a oportunidade de saber ler estes escritos.

Imaginei senhoras e senhores caminhando por praias e bosques... sorrindo, rezando terços, brincando com netos em campos verdes. Imaginei corpos em todo o Mundo sendo valorizados pelo próximo... e por seus próprios donos.

Imaginei... imaginei... Pena que imaginei demais... o pedido foi negado por excesso de esforço espiritual necessário para efetuar todas as mudanças. A chave emperrou na fechadura. Outra porta deverá ser aberta. Enquanto isso, olhemos da fechadura, mesmo com a chave tendo encoberto a metade da visão.

Wednesday, March 29, 2006

O ser do “Ado”

Nasci! Fui retirado, apalpado, banhado... amamentado.
Antes disso, fui amado, adorado, paparicado.
Cresci! Fui amado, odiado, contrariado, bofeteado.
Fui beijado, zombado, renegado e maltratado.
Mas fui inusitado e aclamado, quando precisado.
Fui informado, enganado...
Fui ficando cansado. Enjoado desta vida de retardado.
Descobri que sou complicado, desarticulado.
Se sou amado, meu amor não é dado,
Se sou odiado, viro o rosto para outro lado.
Não sei ser engajado, apenas influenciado.
Em fim, meu cabelo esbranquiçado me mostra um importante dado:
Em algum tempo, não demorado,
Serei velado, enterrado, chorado, rezado...
Mas não conseguirei ser, até então, lembrado.
Pois nesta vida, não somei, fui somado.
E por isso, sou revoltado.

Thursday, March 02, 2006

O Chacoalhar da Lata de Nescau

Eram aproximadamente 19:30h da noite de quinta-feira, quando Sicha assistia a um filme de suspense. Ao lado, Bean, seu amigo. O filme desvendara em Sicha um medo incontrolável por questões “sobrenaturais”, e ele estava compenetrado na seqüência de falas inteligentes do filme. De repente, não mais que de repente, seu celular toca. Um número desconhecido. Precisara pausar o filme para atender o telefonema. “Alô!”, diz, insatisfeito. “Boa noite! Com quem falo?”. “Sicha”. “Parabéns, Sr. Sicha. Aqui é da Central Oi de atendimentos. Você acaba de ganh...” Sicha desliga o telefone, tendo em vista que o número não correspondia a serviço Oi, e também o atendente não era um robô programado para fazer perguntas chatas e tentar te deixar irritado. Muito pelo contrário, ele era simpático. Característica inexistente em serviços de telefonia. Tenta reatar a atenção ao filme. Em vão. O telefone toca novamente. Com o mesmo número... com “medo” do que iria falar, Sicha resolve passar o telefone para Bean, que se incumbira de ficar todo o resto da estória com as ondas cancerígenas irradiadas pelo celular em seu ouvido. “Oi!”, disse Bean. “Oi. Você acaba de ganhar a promoção ‘Oi Realiza Meus Desejos!’", disse o indivíduo.
Ter ganhado a “promoção” significava ter que comprar 6 cartões Oi de 20 reais, e dois produtos Nestlé, em 60 minutos e, em 24 horas, receber em casa: 6 aparelhos de celular Motorolla® V60, Uma TV de 29´, um DVD Semp Toshiba® e um computador Pentium 4. Óbvio que nossos amigos não acreditaram completamente. Mas, a bondade humana, a inocência sobre-humana, e a vontade extra-terrestre de ganhar dinheiro fácil fazem pessoas comuns, felizes e satisfeitas se tornarem pessoas diferentes, descontentes e insatisfeitas.
Anotaram tudo direitinho e saíram correndo pelas ruas de Inocentópolis, cidade onde viviam. Correram como se estivessem participando de uma gincana na escola. Relacionado a isso, estava uma das frases do “indivíduo” ao telefone, de que esta promoção era uma espécie de gincana da Oi. Como entre os produtos a serem comprados se encontravam produtos da Nestlé, carregaram consigo uma bela e metálica lata de Nescau, enrolada a uma bela e plástica sacola amarela. Durante toda a corrida em busca de algum comércio de Inocentópolis aberto àquela hora da noite que vendia cartões OI, Sicha recorda-se muito bem dos barulhos dos farelos do achocolatado chacoalhando por toda a saga. O chacoalhar do achocolatado ficará eternamente chacoalhando a cabeça do garoto.
Eles ainda não acreditavam. Corriam pelo simples fato de temerem um arrependimento posterior caso aquilo tudo fosse verdade. Mas, como todo bom brasileiro, Sicha e Bean receavam o fato inesperado de, dentro de casa, receberem uma ligação que mudaria não só o estado de humor, mas também seus status social momentaneamente. Afinal, é o almejo geral da nação: Conforto financeiro. Quem disser que isso é uma falácia, estará alimentando uma verdadeira falácia.
Pois bem. Lá iam nossos heróis. Um, chacoalhando uma lata de Nescau numa (bela) sacola amarela. O outro, segurando o celular do amigo, e sendo convencido pelo “indivíduo” de que ele falara, até então, meras verdades. Ao mesmo tempo, ambos se perguntavam a todo tempo “Será que é verdade?”. Tentaram, em vão, ligar para os conhecidos números de atendimento ao consumidor OI através de um celular sobressalente que carregaram consigo, pois o telefone de Sicha estava com a bateria prestes a acabar. Não conseguiram falar com nenhum número da Oi, mas, de fato, a bateria de Sicha realmente acabara, e o sobressalente fez-se oficial. Enquanto isso, devagar, iam sendo convencidos pela perspicácia cafagestiniana do “indivíduo”. Percorreram alguns comércios de Inocentópolis, e não encontraram uma loja revendedora Oi com tanta facilidade.
Reivindicaram um telefone qualquer que pudesse comprovar que aquilo era verdade. O “indivíduo” passou um gigantesco número com muitos “oitos” para nossos amigos. Mas, não tinham ainda como ligar para tal número. Inexistia cartão telefônico e crédito em celular de ambos os nossos amigos.
Percorreram padaria, farmácia, posto de gasolina... até que uma bondosa lanchonete foi tida como “salvação” dos heróis. Aproximadamente 15 minutos de corrida encharcaram suas camisas de suor. Chegando ao estabelecimento, ao invés de 6 cartões, a moça tinha apenas 4. “Não tem problema”, disse o “indivíduo”, depois você me confirma que comprou os outros dois. Ainda não acreditavam. Compraram o cartão telefônico e ligaram para o tal número com muitos “oitos”. Atendeu um “indivíduo segundo”, que se dizia trabalhar na Oi, e que confirmara toda a versão do “indivíduo”. Voltaram, ainda insatisfeitos (e só pra ressaltar: com a lata de Nescau dentro da sacola amarela), para o estabelecimento.
O leitor, inteligente e com frieza para analisar os fatos, já deve ter consciência de quantas pistas tinham nossos amigos de que aquilo tudo era uma tremenda roubada. Mas como narrador, cabe a mim salientar:

Primeiro: O telefone que ligara não tinha absolutamente NADA haver com quaisquer conhecidos sistemas de atendimento Oi. Para falar a verdade, ele nem era da Oi, tendo em vista que seus quatro primeiros números eram “9125” e o ramal era “085” (sabe-se Deus de qual parte do país).

Segundo: Ele não tinha estereotipo de atendente. Isso já foi colocado nas primeiras linhas desse episódio.

Terceiro: O “indivíduo segundo” não agradeceu no estilo “A Oi agradece sua ligação. Boa noite”. Deu apenas um “De nada”, respondendo a um “obrigado” de Bean.

Quarto: A Oi nunca ia pedir a um cliente para comprar cartões, sendo que, afinal, ele já é cliente... e já compra cartões normalmente.

Quinto: Desde quando Oi e Nestlé tem promoções conjuntas?

Sexto: Se a promoção realmente fosse beneficiar Sicha, seria impensável que eles ligariam para o celular de Bean caso, por ventura, acabasse a bateria de Sicha. Questões burocráticas, que, ainda bem, não entendemos direito. Mas, resumindo, a Oi não ligaria para um número para dar prêmios a outro número.

Sétimo: Após longos 15 minutos aproximados de correria... “Quanto tempo temos?” “31 minutos”. ‘Hoje o tempo voa, amor... escorre pelas mãos...´. A teoria da relatividade faz-se presente neste álibi assassinado do bom censo humano.

Oitavo: A promoção dizia para comprar 6 cartões... Mas, poderíamos comprar apenas 4... pois é, como a Oi é boazinha.

Companheiros, por aí se vão as entrelinhas obscuras de nossa estória. Obscuras para eles, que viam à frente, uma bela TV 29´. Para o leitor, meras evidências claras de fraude, trote, picaretagem e inocência de nossos amigos.
Descongele agora a imagem de nossos corredores parados no balcão da lanchonete. Eles acabaram de ligar para um, segundo “indivíduo”, e estavam ainda preocupados com o que fazer. Pediram os 4 cartões que a moça tinha. Enquanto Bean tentava manifestar sua preocupação ao “indivíduo”, dizendo que ainda não acreditava, Sicha tentava ligar para a central Oi. Mas lembrem-se: seu celular não tinha bateria. A bondosa moça da lanchonete lhe providenciou um. Foram minutos intermináveis. De um lado, Bean, aderindo à barganha do “indivíduo” e abrindo o primeiro cartão. Enquanto isso, Sicha, pseudo-pacientemente, conversava com uma voz eletrônica da Oi dizendo quais opções e quais os respectivos números das mesmas. Bean rabiscava o segundo cartão, impaciente, querendo saber o que a voz da Oi dizia. Por enquanto nada. Quando conseguir falar com um andróide (protótipo de ser humano, ou seja, uma atendente viva da Oi) começaram as indagações... lembram das perguntas que só servem para irritar? “Qual seu nome, por favor?” “Boa noite, Sr. Sicha. Em que posso servi-lo”. Aí Sicha, contente disse “Eu gostaria de saber se há alguma promoção da Oi chamada ‘Oi realiza meus desejos’.”. “Um momento... Qual o DDD e o número do seu Oi?”. Óbvio que ele não sabia... o celular não era dele. Buscou com a moça que lhe emprestara e descobriu que o celular também não era dela... e sim de uma amiga. Com algum custo, conseguiu o número. “Sim, Sr. Sicha. Agora qual é o nome completo do titular deste Oi”. Piorou-se. Após alguns momentos, o nome foi revelado, pela força da memória pressionada por duas caras de extrema aflição que se encontravam frente a seus rostos calmos e tímidos. “Muito bem Sr. Sicha. Qual a data de nascimento da titular?”. Estourou! Sicha, provavelmente flutuou de tanta agonia perante tamanha ira. Conseguiu reproduzir a pergunta para as já impacientes e intranqüilas garotas. É bom lembrar que enquanto isso, Bean repassava ao “indivíduo” o número do segundo Oi cartão raspado. Já eram R$ 46,00 de prejuízos. A luta continua. Sicha, finalmente, conseguiu reclamar o que lhe havia feito realizar a chamada. “Gostaria de saber, como já disse, se a Oi tem alguma promoção do tipo ‘Oi realiza meus desejos’.”. “Um momento que vou consultar”. Um Diazepan. Não precisava mais nada. Apenas um Diazepan acalmaria, naquele momento, os amigos. Segundos depois... “Olha, existe a promoção X, que dá Y de coisas... e também a promoção Z, que oferece ao cliente Oi N´s vantagens...”. “Minha senhora, eu preciso saber se há, no sistema Oi, alguma promoção que diga ‘Oi realiza meus Desejos’.”. “Olha, tivemos uma no carnaval que...”. “Eu só quero saber se existe alguma promoção ‘Oi realiza meus desejos’, porque meu amigo está na linha, conversando com um “indivíduo” que se diz atendente da Oi, e está nos oferecendo muitos prêmios se comprarmos 6 cartões Oi e dois produtos Nestlé.”. “Olha, meu senhor... o número que te ligou pode ser identificado, ou é confidencial?”. “Eu posso ler o número”... “Olha, o senhor precisa urgente fazer uma queixa contra essa pessoa, pois ele está usurpando de vocês, clientes Oi. Passando os números dos cartões, eles o utilizam de imediato.”. “Obrigado, farei a queixa.”. Desligou o telefone. Tarde demais. Bean, impaciente, já havia dado mais um número de cartão ao “vagabundo, safado, sem vergonha” quando Sicha lhe informou que era farsa. Ficaram se xingando por um bom tempo... “Somos otários!”. Tentaram recarregar seus Oi´s com os cartões comprados... em vão, o “vagabundo, safado, sem vergonha” já os haviam utilizados. As últimas palavras de Bean ouvidas ao celular foram “Vou processar você!”.O r4esultado parcial da Saga, até então eram: Camisas molhadas de suor, cara de desapontamento com seus próprios "eu´s", risos (das moças da lanchonete, claro), e míseros 64 reais. Pra quê se preocupar, né?! 64 reais... Nossa: 64 reais cara...
Despediram-se das bondosas garotas, que confortaram nossos amigos, e foram ao orelhão dar queixa à polícia. A lata de Nescau já não chacoalhava mais como de princípio. A calma ao voltarem pra casa, era fisicamente insuficiente para produzir agitos que chacoalhassem a lata. Chegando em casa, refletiram bastante sobre o ocorrido. A conclusão mais óbvia que chegaram é que “O dinheiro transforma nossos QI´s em nada!”, tendo em vista as inúmeras pistas que foram expostas por toda a trama. Logo depois, chega a viatura de polícia. Cabo Moralis e Soldado Sérius se incumbiram de registrar nosso Boletim de Ocorrência. Cabo Moralis, após muitas lições de moral, não agüentou à seriedade da farda de PM e riu, quando, informalmente, relataram o caso do chacoalhar da lata de Nescau. “Desculpe, disse o CB constrangido”. Enquanto isso, Soldado Sérius anotava os dados da queixa. Mais lições de moral vindas de CB Moralis, e pronto. Tinha-se feito a BO.
Dentro de casa, Sicha e Bean transformaram suas raivas e revoltas em comicidade. Sicha continuou o filme, que já chegara próximo ao fim, e Bean voltara ao tanque, onde lavava roupas. Se há um final feliz nesta estória, não sabemos. Não sabemos quem passou o golpe.

Tuesday, February 28, 2006

Ciclo da Vida

O ser humano nasce, cresce... mas antes de crescer, ao nascer, o ser humano chora. É no choro, do filho e da mãe, que começa a vida.

O ser humano nasce, chora, dorme... e se alimenta. Ao sugar do seio materno o sustento dos seus pacatos dias, o ser humano ama. Mãe e filho se olham com a razão pura do amor, e o ser humano cresce. Não apenas biologicamente, mas também como ser humano que há de ser. Dos primeiros avisos sonoros, resmungos, surgem os primeiros encontros vocálicos... e o ser humano fala.

O ser humano pede, exige, cai... cresce. Além do conhecimento informal (que faz do ser humano um autêntico ser humano), entra para a escola: o conhecimento formal. E o ser humano cresce.

O ser humano ama. Pela primeira vez ele percebe que existe adrenalina em seu corpo, no seu ensejo incontrolável pela pessoa amada. O ser humano é iludido. Ele perde o amor pela pessoa amada. Às vezes há sensação de perda quando na verdade tudo não passou de esperança não concretizada. Sempre amou, mas nunca o amaram em reciprocidade. E o ser humano volta às origens... ele chora... ele cresce.

Aos poucos a imensidão imensurável daquele vazio, num silêncio profundo, em meio a seus prantos, ressurge de sua ilusão e sorri para si mesmo. No momento, não espera reciprocidade de alguém, mas oferece o amor recíproco em seu peito almejado por uma pessoa feliz, um ser humano... que não se iludiu, não perdeu, não chorou... mas cresceu.

O ser humano chega, então, ao estágio da reprodução. Aqui ele reproduz não apenas seu próprio eu, mas também todos os conhecimentos obtidos ao longo de sua vida. O ser humano sente necessidade de recalcar em seus filhos os desejos oprimidos desde muito tempo até os futuros... e o ser humano cresce.

O ser humano vê suas origens nos filhos... e envelhece. Olha para trás e percebe que viveu pouco o pouco que viveu. Tenta aconselhar os outros a deixarem suas vidas serem curtas... em vão... seres humanos só dão valor à vida quando esta está no fim.

O ser humano aprende com a nova geração... novos conceitos, novos estilos, tradições... e o ser humano cresce. De seus cabelos brancos nasce a vontade de voltar atrás e refazer a vida... o ser humano, renasce pelo choro que escorre em suas rugas...

O ser humano morre.

Sunday, February 26, 2006

"O Casamento"

Enfim, você entrou na Igreja... ao primeiro passo seu, entrando no que seria o refúgio testemunhal de uma união, lembrei de toda nossa estória. Nosso primeiro encontro... nosso primeiro beijo, nossa primeira noite de amor. Lembrei de como passei os melhores momentos da minha vida ao seu lado. Por você, reneguei meus princípios e aceitei o fato de que a paixão por você me levaria à felicidade eterna. Cada passo seu, agora, entrando na igreja, martelava a estória de amor mais profunda que eu conheço: a nossa. Você sorrindo, feliz... eu, nostalgicamente encantado com a perfeição de sua beleza. Difícil acreditar que conseguiria ser mais linda do que já é normalmente. Passo a passo você caminha... a ansiedade do seu coração só não o faz mais veloz que o meu. Te olho fixamente, esquecendo de tudo e todos que estão ao meu redor. Neste momento, para mim, só existe você. É a sua presença que importa... é a sua entrada que me faz pensar em nada. Apenas... na sua presença. E você, entrando na igreja, com um sentimento de que o momento tornou-se irreversível, depois de passos após passos, sorrisos após sorrisos, lágrimas, após lágrimas, chegou ao altar... pegou a mão de seu noivo e disse "sim". Os detalhes não posso eu relatar, já que não suportei a dor de te perder, e fugi antes que chegasse ao altar.

Wednesday, January 25, 2006


Venn, o Átomo feliz


Venn é um átomo feliz. Compartilha com seus progenitores a alegria de ser um átomo. Um dia, andando pelo corredor de um ônibus, procurando uma cadeira para sentar, escutei uma voz, que na verdade pareceia um assovio, me chamando até pelo nome. Era Venn! Ele, ao contrário de todos os outros átomos do universo, não é cego. Na verdade, todos os átomos tem olhos... dois olhos. Porém um se encontra no orbital "p" (3p, para ser mais preciso...) e o outro no orbital "d" (5d). É bastante óbvio que os átomos que não apresentam tais orbitais pelo seu reduzido número atômico são, sim, cegos... mas mesmo os que apresentam os dois olhos, ou mesmo apenas um dos olhos, é considerado um átomo cego, pois a velocidade incrivel em que se locomove os olhos devido às caracteristicas tanto translocacional em relação ao núcleo, quanto rotacional em relação ao seu próprio eixo, o fazem cegos com olhos. A estória de Venn é uma estória triste e feliz ao mesmo tempo. Mutações acumuladas através de gerações e gerações da família de Venn o fizeram ter seus dois olhos alocados no núcleo. Um dos olhos é um prótom, e outro um nêutron... uma vitória para os atomianos. Essa é a parte feliz da estória. A parte triste se refere ás consequencias que ter olhos no núcleo pode causar a um átomo. Por ser um átomo de Tungstênio, cujo número atômico é 74, Venn apresenta muitos elétrons girando em torno de seus olhos. Dizia 2 palavras e desmaiava de enjôo. Ele viveu por apenas 2 dias, pois devido sua fraqueza, acabou retirando de si o olho-próton, perdendo um número atômico e se transformando em um átomo de Tantálio (73). Quanto ao olho-nêutron... bom... ele era neutro, não adiantaria retirá-lo. Sabe-se, segundo a mitologia Tantaliana, que um átomo de Tantálio deve ser legítimo. Como Venn era ilegítimo, acabou sendo expulso do mundo periódico da tabela e hoje é um átomo inerte, perdido, sem fim nem início, até que sofra uma radiação. Foi um dia muito triste para todos que estavam no ônibus e que ouviram aquela estória.

É... Venn nem é um átomo tão feliz assim...

Friday, January 20, 2006

A Praga do Egito

O sentimento que se toma em mãos apenas para observar nos agarra pelas orelhas e nos acomete de desejos dominados por ele. Assim, com ele, vem-se as piores pragas, tais quais as supostas egipcias, que se pode imginar. O amor é uma dádiva ao homem, assim como o Nilo também o é para o Egito. Até aí, tudo em comum... a comunhão de informações ultrapassa a barreira da literatura poética e chega à realidade cruel e impiedosa do amor... as pragas que carrega consigo fazem do amor uma falsa dádiva, uma verdadeira maldição. Não é apenas a rima que une amor e dor, mas sim a reciprocidade em sua incapacidade de se manifestar. Não é apenas cruel e infame, é sagaz e insentimental... que ironia do destino... Amor, o maior dos sentimentos, é insentimental. Além da dor, falsas felicidades... não sabemos o que é pior... a tristesa, também impregnada nos entreversos do amor, ou falsa felicidade... sempre culminante nos momentos de dor. Outras pragas fazem do amor a maldição que é... desilusão, humilhação, lágrimas... o amor só é dadiva para aqueles que sucumbem à sua perspicácia... o amor só é dádiva àqueles que o veêm como possível dor... amor deve significar, antes de tudo, equilibrio para poder suportar as piores crises existenciais já impostas ao homem. A pergunta,, neste caso, não deve ser "quem sou? por que sou?" mas sim "quem é? por que é?".