Friday, December 11, 2009

Entre tantas curiosidades que descubri nos últimos anos está a óbvia máxima de que o equilíbrio da vida é um bem (ou mal) necessário. Aliás, essa é a conclusão a que cheguei: o bem e o mal, irmãos gêmeos em tudo, daqueles que adquirem não só características físicas semelhantes, mas também características subjetivas, são a pedra fundamental da harmonia entre o existir e o resistir. Felizes uns, tristes outros... ou mesmo felizes e tristes estes mesmos "uns" ou estes mesmos "outros". A vida é bela não porque é manifestação de felicidade. A vida é bela porque é o meio pelo qual os sentimentos se difundem. Sejam eles bons ou ruins. E viver trata-se de entender que o equilíbrio dos sentimentos é uma razão da sobrevivência. Feliz pra mim, triste pra ele. Triste pra mim, feliz pra ele.

Friday, September 25, 2009

Agradecer, agradecer... reconhecer!*

“Agradecimento”, no dicionário, significa “reconhecimento”. Eis uma virtude que vem sendo negligenciada pelo ser humano nestes tempos “modernos”. Tentarei aqui ir contracorrente a isso. Ninguém chega a algum lugar sozinho. Aliás, ninguém é alguém se estiver sozinho. Portanto, cada parágrafo destes agradecimentos representará passos importantes que me conduziram até aqui.

A caminhada da nossa vida requer que prestemos bastante atenção nas pessoas. Todas elas. É necessário que valorizemos os momentos com elas, o aprendizado a partir delas, a sabedoria e a amizade sentidas por elas e para elas, além, claro, das frustrações para com algumas delas. Mais do que conhecer as pessoas, precisamos reconhecê-las, ou seja, agradecê-las.

Comecemos pelos meus professores, desde o pré, passando por todos do ensino fundamental, na Escola David Roldi, em São Roque do Canaã, os excêntricos e ótimos professores do ensino médio, no CEFETES, unidade de Colatina, chegando aos meus queridos mestres do curso de nutrição na UFV, culminando naqueles do mestrado que concluo agora. Personalizo este agradecimento geral, homenageando a Profª. Marta, pela atenção dada à realização deste trabalho, como orientadora e conselheira, em momentos em que eu achei que não seria possível, especialmente na sua conclusão. A todos meus sinceros agradecimentos pelo respectivo degrau que me ajudaram subir.

Aos amigos. Nomeá-los seria impossível. Cada um teve seu papel desempenhado com maestria. Como os queridos, eternos e especiais amigos da eterna “Turma M5” de meu ensino médio, com todos os seus “Zés” e “Marias”, que são a prova viva de que amizade verdadeira e sincera é feita pra existir pra sempre. Além destes, os muitíssimos amigos e (muito mais) amigas da minha vida universitária, especialmente do curso de nutrição, movimento estudantil e da minha república. Agradeço também aos amigos da turma 2007 do mestrado em saúde coletiva, com os quais passei momentos agradáveis, de soma intelectual e pessoal em minha formação. Finalmente, aos amigos que não se encaixam nestas denominações, mas que não possuem importância menor por isso. A presença de cada um foi fundamental para eu me sentir presente na minha própria caminhada. A todos vocês, meu sincero “obrigado” por fazerem da minha vida, um pedacinho das suas, e vice-versa, e por isso mesmo, torna-la mais interessante de se viver. No bojo desta lista, cabe inserir muitos pais, mães, alguns tios, tias e avós destes amigos, que sempre me acolheram tão bem em suas casas e que, por vezes, foram fonte de ajuda em momentos tão difíceis.

À Maria Fernanda, minha amada companheira, pela paciência, pelo amor, pela alegria diante de minhas vitórias, além dos deliciosos e motivadores lanches nos intervalos dos meus estudos. Todo esse carinho foi essencial para que eu não perdesse o foco. Obrigado por tudo. Obrigado também à sua família, os “Araujos”, que me acolheram tão bem nos dois últimos anos.

À minha família tão amada. Primeiramente, meus sobrinhos, João Victor, Pedro Lucas e Maria Eduarda (Duda), que, quando me sentia adulto demais, me faziam lembrar da beleza de ser uma eterna criança. Aos meus irmãos, de sangue ou não, Fredson, Daniela, Adrieli, e Andreson, pela paciência com minha ausência e pela eterna força e incentivo para que eu seguisse até aqui, sem questionar privilégios ou esboçar qualquer manifestação de descontentamento. Aos meus cunhados por fazerem meus irmãos e sobrinhos felizes. Aos meus tios, tias e à minha avó, pelo exemplo de convivência em família, unida e fraterna. Em especial, agradeço à Tia Marlene, e toda sua família, por me constituírem filho adotivo e me tratarem com tanto zelo e carinho. Pelos meus pais, que não importa o quanto de linhas, parágrafos ou páginas de agradecimento venha a escrever direcionados a eles, será sempre (sempre!) insuficiente para demonstrar a gratidão infinita que sinto pela presença deles em minha vida.

Não poderia deixar de agradecer aos membros do Conselho Municipal de Saúde de Vitória, especialmente àqueles que participaram diretamente da pesquisa. O conhecimento adquirido com os relatos destas pessoas enriqueceu o trabalho e o trabalhador, no caso, o pesquisador. A Rafael Vulpi, secretário do Conselho, pela paciência e colaboração no decorrer do processo de coleta de dados.

Em fim, obrigado àquele, por muitos chamado de Deus, pela presença em minha vida, mesmo quando eu mesmo a questionei.

A todos, muito obrigado. A caminhada foi mais prazerosa com suas presenças.

* Agradecimentos feitos em minha dissertação, que no momento está prestes a ser julgada em minha defesa.

Saturday, August 22, 2009

Sobre eu, tu e eles e elas, vulgo nós


Têm vocês acompanhado os acontecimentos do Senado, que na verdade é apenas o locus de tudo, mas envolve todas as instituições brasileiras, desde o Palácio do Planalto até a instituição física e sobrenatural chamada "corpo", indivíduo, cidadão?

A causa dessa desordem é, como todos já sabem, imoralidade. O fato de o Conselho de Ética do Senado arquivar todas as denúncias contra Sarney nos faz pensar que eis aí a prova cabal de que nesse mato tem cobra. Se ele é inocente, tudo seria arquivado no seu devido momento: após averiguações. Se ele for culpado... bom, a punição já são outros quinhentos. Pensamos, então, que se eles realmente acreditam na inocência do amigo, não temeriam e investigariam. Conclusão: a preguiça falou mais alto do que dar a devida resposta ao povo brasileiro.

Faz-me rir a ironia paradoxal do argumento para o arquivamento: as denúncias surgiram no seio da imprensa. Isso é argumento? Eu que (ainda) sou um telespectador assíduo da TV Senado vejo discursos e discursos de senadores ferozes contra os governadores, prefeitos, deputados e vereadores de seus respectivos estados, com jornais nas mãos, fogo na boca, clamando por justiça e salientando as corrupções dos supracitados, que obviamente não são da sua base aliada muito menos de seu partido. É a imprensa sendo aclamada quando convém. Mas para o presidente do Senado, ai de nós considerar a imprensa para julgá-lo, criticá-lo, investigá-lo.

Mesmo com esse argumento, o pobre... digo, nobre senador, Paulo Duque, com seu sotaque ancião e de carioca malandro ao mesmo tempo, requereu apreciação do Conselho para o arquivamento. Aí é que entra a maracutaia. Quem dá mais? A base governista - e aí, meus amigos, inclui-se boa parte dos senadores do PMDB de Renan Calheiros (AL) e o PTB do ilustre ou ilustrado, polido e engraxado Fernando Collor - é a forca (não força) do governo. Lula está a mercê deles, assim como estaria Fernando Henrique ou Heloísa Helena, não importa. Eis, portanto, que os senadores petistas, contrariando seu líder no senado, Mercadante (SP), mas concordando com seus líderes mors (Lula, presidente da República, e Berzoíni, Presidente do Partido), votaram pelo arquivamento. Mercadante (SP) ficou no "saio e não saio" da liderança. Não saiu. Marina Silva (AC) e Flávio Arns (PR), dois simpáticos e bravos senadores petistas saíram do PT dizendo-se envergonhados. É uma prova de que algo cheira mal no (sub)mundo da política.

E a oposição? Parece que ficou quietinha. Ameaçou recorrer da decisão de arquivamento, mas quando viu que a merda também tava fedendo pro lado deles, especificamente pro líder peessedebista, Arthur Virgílio (AM), fez uma troca justa: eu não recorro, mas quero ser absolvido das minhas maracutaias. E o Conselho de Ética (atentem bem para essa palavra: "Ética") resolveu arquivar as denúncias contra ele também. É a justiça sendo usada para se fazer injustiça. Já que todos estamos podres, ninguém denuncia ninguém. Como crianças que quebram vidros de casas alheias jogando bola na rua e se tornam cúmplices de uma atitude errada.

De coerente, só o PSOL e alguns senadores, como Critóvam Buarque (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS) que assumem sua opinião, muitas vezes de forma demagógica, é verdade, mas que a defendem como lhes convêm. Pois bem, o PSOL, de José Nery (PA), recorreu da decisão à mesa diretora da casa. Óbvio que foi negado, e nem foi pelo presidente, Sarney, nem pelo vice, Marcone Perilo (PSDB). Mas pela 2ª vice presidenta, Serys Slhessa"não sei o que" (PT). Assunto encerrado, ora bolas.

Pensar na eleição que se aproxima, é válido. Esquecer que você já foi eleito na eleição anterior, e que deve respeito à vontade dos eleitores é inválido. Uma coisa não anula a outra. Talvez (ou com certeza) mostrar serenidade e se colocar imparcial em denúncias graves e evidentes é uma forma de campanha eleitoral das mais eficientes. Ganha-se respeito, ganha-se debate, ganha-se legitimidade para ser votado.

Longe de mim falar em unicameralismo num país de proporções tão grandes e desigualdades entre seus estados tão acentuadas. O Senado é necessário. A Reforma política também. Mas isso se ouve com ouvidos críticos, e as palavras saem com tom de crítica construtiva. Mas quando eu ouço o demagogo dos demagogos, o Fausto Silva do Senado Federal, Mão Santa (PMDB-PI), 3º Secretário da Mesa que presidiu mais plenárias do que qualquer outro membro superior a ele, que elogia e condecora qualquer meliante que sobe à tribuna para falar, de Collor a Calheiros, passando por Sarney, me dá náuseas. Diz ele "nunca na história desta casa, ouve um Senado tão bom quanto este, uma mesa diretora tão boa quanto essa. Nunca, na história do Senado. E eu me orgulho de fazer parte dela". Ai de mim estar no lugar dele. E o pior é que, indiretamente, estamos todos.

Tuesday, July 14, 2009


SOM & FÚRIA - um breve (e sincero) comentário

O que vem sendo "Som & Fúria" para mim. Vamos lá:
- Atores sensacionais interpretando, com maestria, péssimos atores.
- Atores sensacionais interpretando, com maestria, atores sensacionais.
- Um diretor fantástico (Fernando Meirelles) conseguindo dirigir estes atores esplendidamente.
- Uma emissora conservadora aderindo a projetos alternativos, via o fabuloso Luiz Fernando de Carvalho ("Hoje é dia de Maria" e "Capitu") e, agora, com Meirelles.

É belo ver as interpretações. Hoje mesmo, fiquei emocionado com duas belíssimas cenas de Daniel de Oliveira, que vai do céu ao inferno em seu personagem de seu personagem: Hamlet! Todos sensacionais. Agora, meu destaque, talvez pela pouca fama, é de Cecília Homem de Melo, que interpreta uma secretária que convence mais do que se colocassem uma secretária de verdade. É belo ver tudo isso. Agora, é mais belo ainda ver que a televisão brasileira finalmente está sendo incrementada pela vanguarda dos grandes diretores que temos aqui, e que são muito mais reconhecidos internacionalmente do que "brasilmente".

Parabéns à Globo? Sei lá... parabéns, pelo menos, pra quem convenceu o diretor do Projac que projetos como esse também geram lucro. Neste caso, lucro financeiro à emissora (mesmo porque senão não haveria conversa, e isso não seria rodado) e lucro cultural ao povo que assiste à TV aberta.

Parabéns!

Thursday, July 09, 2009

A crise se recria
O "fico" indesejável
SARNEY: Se é para o mal estar de todos e tristeza geral da nação, diga ao povo que fico!

Viva o Brasil... Viva, Brasil!

Wednesday, July 01, 2009



BAGDAD CAFE





Um amigo chegou pra mim e disse: "Assista Bagdad Cafe. Esse filme mudou minha vida!"

Nunca tinha nem ouvido falar nesse filme. E lendo a sinopse, me interessei: Uma turista alemã briga com o marido no meio do deserto, em Bagdad, Califórnia (EUA), e sai a pé até encontrar um decadente hotel/lanchonete/posto de gasolina, chamado Bagdad Cafe.


O enredo do filme gira em torno do choque entre culturas e personalidades. Brenda, a dona do estabelecimento, negra, intempestiva, acabara de largar do marido e tem uma relação difícil com seus filhos. Jasmim, a turista, é alvo de desconfiança, preconceito e perseguição de Brenda.


O tempo vai passando... e enquanto o tempo vai, a cumplicidade vem. Jasmim começa a fazer parte do cotidiano do local, começa a participar da vida de cada um de seus integrantes. Cuida do neto de Brenda, elogia o filho pianista, fica amiga da filha adolescente problemática, colabora com o serviço dos funcionários, serve de inspiração para Cox, um pintor Hollywoodiano e espécie de morador vitalício do local, e joga bumerangue com um andarilho mochileiro que acampara no local. E óbvio, sua relação com Brenda passa a ser de uma amizade, aberta a interpretações diversas, principalmente depois que Jasmim aprende mágica, e lota a lanchonete com seus shows, ao som do pianista, filho de Brenda.


À primeira vista, um filme normal. Inclusive, quando assisti, pensei "é um filme legal, mas não mudou nada em minha vida". Vejam vocês: 3 dias depois, estou eu com o filme na cabeça, lembro dos personagens, lembro de diálogos, das belíssimas interpretações das atrizes que interpretam Brenda e Jasmim, do bumerangue voando pelo cenário melancólico de final de dia, no meio do deserto, ao som da enigmática e ecoante música que embala as passagens de cenas e cenários "I am calling you"... essa música, sem sombra de dúvida, foi a tacada de mestre desta obra cinematográfica, do final da década de 1980. Inclusive, mais tarde fiquei sabendo que ela concorreu a Oscar de melhor música em 1988.


Uma coisa que me revoltou muito foi o fato de o filme acabar quando, segundo minhas concepções amadoras, ele estava no meio. O filme acaba do nada, deixando margem a muitas interpretações com a última fala do filme, por sinal, de Jasmim (pelo menos, a mim me causou muitas interpretações). Fui dormir meio que aborrecido até. Mas hoje, penso, Machado de Assis foi imortalizado como um escritor brilhante em Dom Casmurro, que nos deixa dúvidas eternas quanto à traição ou não de Capitu, deixando à nossa imaginação o final da trama. Por que é difícil aceitar isso neste filme?


Em fim, ainda não sei porque, mas esse filme não me sai da cabeça. Vi nele uma discussão tão simples, realizada de maneira simples, humilde, sem grandes indagações filosóficas. Vi nele apenas uma discussão de como a vida pode mudar, de uma hora para outra. Ele nos faz refletir a partir da diferença entre as pessoas. Simples, eu sei. Nada de diferente. Acho que por isso, o filme é marcante.

Assistam, critiquem, mas não o subestimem, como eu o subestimei.

Obrigado, Vinicius.

Saturday, June 20, 2009

Engraçado. Sonhar tem alguma coisa de positivo? Se sonhamos com algo bom, ficamos triste porque não é realidade. Se sonhamos com algo ruim, ficamos tristes porque o sonho foi ruim. Para os que acreditam num fundo verídico dos sonhos, a esperança dos belos sonhos torna a vida um eterno "dormir", enquanto a certeza dos pesadelos torna a vida um eterno "acordar". Não quero sonhar, a não ser acordado.

Monday, June 08, 2009


Conclusões com oclusões


Passando os olhos pela TV Câmara, no início da tarde desta última segunda-feira, dia 08 de junho, me deparo com um interessante debate político num programa da emissora. Parei para assistir. Não só porque sentia o clima quente do debate, mas também porque um dos debatedores era Luiz Paulo Velloso Lucas, deputado federal pelo PSDB do Espírito Santo, meu Estado. Pensei “vamos ver o que ele diz em nome do povo capixaba!”. Não deu outra. A quantidade de asneiras que ele disse foi de uma magnitude que eu não conhecia. Ficou fácil para o outro debatedor, o deputado Fernando Ferro (se eu não me engano é esse o nome dele), do PT de Pernambuco, rebater. Tanto que durante a fala dele, o deputado capixaba não se continha e tentava reapresentar seus argumentos, atrapalhando o companheiro e desqualificando, tecnicamente e qualitativamente, o debate. A discussão permeava privatizações, crise mundial e Petrobrás. Como peguei o debate quase no fim, não saquei bem qual era o tema central. Mas o interessante é que dentre os argumentos do peessedebista havia uma ainda ilusão de um ideal de Estado mínimo (se possível, bem mínimo) e uma crítica ferrenha ao PT por ser contra privatização, sendo que, para completar, salientou que essa estória de Estado empresário é ultrapassada. O petista não precisou de muito para retrucar, dizendo que, só nos Estados Unidos (vejam! Estados Unidos... o mais fiel propagador do liberalismo), o Presidente Barak Obama já estatizou ou comprou ações de empresas e bancos em meio a uma crise que mostra cada vez mais como o liberalismo é ultrapassado e injusto com a grande maioria da população, ou seja, os pobres. Bom até aí, discursos ideológicos, não é? Não para o Velloso Lucas, que, insanamente, afirmou que o PT, ao contrário do PSDB, é repleto de ideologias! Páááára! O que faz um partido ser partido? E o que faz os partidos serem diferentes entre si? Exatamente sua ideologia, não? Óbvio que atualmente essa gama de partidos com ideologias confusas, ambíguas, atrapalham um pouco essa compreensão. Mas os partidos aqui citados, PSDB e PT, foram criados a partir de ideologias muito claras. De um lado, a social democracia, do outro, o socialismo. Podem ter sofrido influências no decorrer da última década, mas o que os distingue ainda é, dentre outros, o mesmo argumento de antes: a participação do Estado e da sociedade civil no andar da carruagem (carruagem=Brasil). Sem ideologia, Sr. Velloso Lucas, não há partidos. Aliás, não há política. E é isso, a meu ver, que falta ao povo brasileiro para que encarem com responsabilidade a política via democracia eleitoral. Precisa o povo identificar-se com ideologias, não com ídolos. O Brasil não votou no PT para assumir a presidência da república. O Brasil votou no Lula. Tanto, que se perguntarem para muitos “qual o partido do Lula?” creio haver um bom número de entrevistados que não saberiam responder. E olha que ele é conhecido no PT por ser um de seus fundadores. Agora, pergunta pro povo capixaba “qual o partido do Paulo Hartung?” ou “qual o partido do prefeito da sua cidade?”. Não saberão. Isso põe em cheque uma idéia de que os partidos representam, através de seus eleitos, o povo que votou nele. Não representa. Não representa porque eu sei que um pequeno agricultor não votaria num ruralista liberal, como aquela “ilustre” senadora, Kátia Abreu (DEM-TO), se soubesse que sua propriedade estaria ameaçada com políticas de agronegócio nocivas à agricultura familiar. Mas ele vota. Não representa porque eu sei que minha mãe e meu pai são muito mais socialistas do que liberais, mas ajudaram a eleger, com fervor, Fernando Henrique Cardoso por duas vezes. Hoje, amam o Lula. Vejam, não estou aqui banalizando a sabedoria inerente ao povo brasileiro. Que o povo é sábio, não há dúvidas. Sábio e “raçudo”! Mas é fato que a esse mesmo povo não foi dada a chance de ser politicamente independente. E quem diz isso não sou eu. Vários grandes autores, como José Murilo de Carvalho, Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro, têm argumentos fortes, contundentes, sobre o despreparo político histórico do nosso povo, acentuando-se no populismo varguista e na era desenvolvimentista e autoritária a que passou o Brasil, configurando o contexto atual, em que, entre outras coisas, vota-se em diferentes ideologias numa mesma eleição. Claro fica para entender esta realidade quando olhamos para o Estado do Pará, por exemplo, com dois senadores do PSDB e um do PSOL, sendo a goveradora, do PT. Este é só um exemplo. Fica claro que, por um lado, a liberdade do povo para votar em quem quiser está sendo efetivada. Mas por outro, a liberdade do povo em saber em quem está votando, em qual política aquele candidato defende junto ao seu partido, em saber e se identificar a respeito da ideologia deles... para tudo isso, o povo ainda não é livre. Falta, como disse um certo cientista político (que não sou capaz de lembrar o nome), educação política a partir, no mínimo, do ensino médio. Mas como introduzir isso para os jovens sem que se ouçam as mesmas queixas relacionadas às já obrigatórias disciplinas de sociologia e filosofia: “credo, que coisa chata, sem sentido e sem importância!”? É amigos, parece que começo a entender a tal crise da representação política a que tanto estudo nos meus devaneios de mestrado. Essa crise existe porque não existe ninguém representando, verdadeiramente, o povo brasileiro. Mas calma. Tenho paciência. A democracia brasileira, já com seus vinte e tantos anos, há de criar juízo. Há de fazer-se criar juízo.

Monday, June 01, 2009

O poder da criança


Filmes! Como disse anteriormente, pensar através de suas mensagens é um exercício desejável. Para alguns, inevitável.
Mais uma vez, venho de uma seqüência de dois filmes que se completam. “O Menino do Pijama Listrado (2008)” e “Vermelho como o Céu (2006)”.
Sendo direto e esquivando-me das críticas técnicas que tenho lido sobre os filmes, apesar de muito poucas, atentei para uma luz que estas estórias nos apresentam. Ambas tratam de crianças. O primeiro, baseado em um romance homônimo, trata de um ingênuo e mimado garoto, filho de um soldado nazista de alta patente, que, sem saber de quem se tratava, fica amigo de um judeu de sua idade, 8 anos. O segundo, uma estória verídica de um bem sucedido editor de som da Itália que, na década de 1970, aos 10 anos de idade, sofre um acidente doméstico em que perde a visão e é mandado para uma escola especial para cegos, em Gênova. Eis minhas “conclusagens” (conclusões e viagens).
Vendo o primeiro filme, O Menino do Pijama Listrado, penso que o preconceito dos mais variados tipos pode muito bem ser solucionado com a ingenuidade da criança. Ao se tornar amigo de um judeu, o menino estava despido, pelo menos por enquanto, de toda a educação nazista da época. Enquanto seu professor, sua irmã, seu pai, seu avô, em fim, todos, empurravam-lhe um conceito consensual sobre a maldade do povo judeu, o garoto, ao conversar com seu amigo, não percebia isso. E o desfecho do filme consagra uma amizade impossível. Imagino que, trazendo à realidade, poderíamos pensar que muitos conceitos formados em casa, com ajuda dos pais, parentes e professores, poderiam ser diferentes. Imaginem uma nação em que crianças ricas e pobres, negras e brancas, saudáveis ou com alguma espécie de deficiência, bonitas ou feias, em fim, se todas as crianças convivessem harmoniosamente num espaço universal, em que não houvesse escola de ricos e pobres, não houvesse ambientes para diferentes classes sociais, em que os serviços de saúde comportassem a todos com qualidade e quantidade suficientes. Por mais que, em casa, os pais, munidos de uma educação conservadora e preconceituosa, falassem, desvirtuassem os filhos, a vivência mostraria o contrário e essas crianças seriam capazes de crescer entendendo que a diferença entre eles e as outras crianças é que eles estão tendo vivências diferentes. Quando adultos, essas crianças, conscientes desta vez, seriam capazes de entender que a mudança do mundo está na solidariedade e na não afetação do outro para seu próprio crescimento. Ajudariam não por caridade ou massageamento do ego. Ajudariam por gostarem e se identificarem com essas pessoas.
Bom, e quanto ao “Vermelho como o Céu”? Esse serve como contraprova para aqueles que pretendem insinuar que as crianças não têm capacidade de discernimento e inteligência para mudarem o mundo desde já, necessitando da instrução dos pais. Ele nos mostra que a capacidade de mudança inerente à infância é muito maior e mais eficiente do que em qualquer adulto.
É ver para entender. Recomendo muito ambos os filmes.

Monday, May 25, 2009

Arte imitando vida, e vida imitando arte.

Os dois últimos fimes que vi me tocaram. Na verdade, frequentemente sou tocado pelos filmes que vejo. Não que eles mudem minha vida, determinam regras, indicam minha personalidade. Eles simplesmente cumprem o papel de me fazer refletir sobre o tema proposto, especialmente quando o filme é bem dirigido e bem interpretado.

Pois bem, foi assim com os que eu assisti na semana passada (A Vida de David Gale [2002] ) e sábado passado (Na Natureza Selvagem [2007]). Curiosamente, ambos são baseados em fatos reais, o que os torna ainda mais instigantes e reflexivos (se você ainda não viu estes filmes, páre aqui. Vou contar preciosas partes de ambos, inclusive segmentos de seus finais nem tão felizes assim).

No primeiro, a militância levada ao extremo por um renomado professor de filosofia, David Gale, que luta contra a pena de morte nos EUA. Ele e a melhor amiga querem provar que o sistema é falho e, por isso, inocentes vão para o corredor da morte. Para tal, os dois armam um falso homicídio. A vítima? A própria amiga de Gale. O principal suspeito? Gale. As provas para sua inocência existem e são guardadas por um fanático participante do grupo militante. Gale morre, a prova, um vídeo, vem à tona, e finalmente fica provado que o sistema é, sim, falho.

No segundo filme, Christopher McCandless, um jovem idealista, se despe de seu status de garoto rico e estudado, e foge logo após sua graduação. Com alguns trocados no bolso (que depois são queimados pelo mesmo) e com um carro velho, que logo é abandonado pelo rapaz, Chris sai pelo mundo, a pé ou de carona, com muita mágoa de seus pais no peito e muita vontade de se conhecer e conhecer o que é a liberdade verdadeira, que para ele só tem sentido quando não há apegos materiais. Seu destino: Alasca Selvagem. Mas antes, percorre bons caminhos pelos EUA. É claro como vai se descobrindo ao longo dos mais de dois anos que passa fora de casa. Não só vai se descobrindo, como vai tendo a certeza de que sua escolha é a mais certa, aquela que trás mais felicidade para si. Quando chega ao Alasca, depois de encontrar um "Ônibus Mágico", Chris se agrega à natureza. Nela vive, dela sobrevive. Está feliz, muito feliz. Muitas coisas passam a fazer sentido para ele. Descobre o perdão, descobre Deus, descobre a si mesmo. E descobre, com essas palavras, que "A felicidade só é de verdade quando compartilhada". Eis a hora de ir embora. Mas numa espécia de sátira, a natureza o apriosonara. O caminho que fizera para chegar onde estava não era passível de retorno. Chris entendia que havia ido longe demais. Morre feliz e sábio, mas não pôde compartilhar isso com ninguém em vida.

Como pode? Tenho certeza que muitos, assim como eu, se identificou muito com os personagens descritos (Gale e Chris)... mas o que os faz ter coragem para chegar onde chegaram? O que os diferencia da gente? Olhamos, admiramos... pensamos neles como exemplos de vida. Claro que cometeram equívocos, mas isso jamais é capaz de tirar o "todo" de uma admiração. Quando digo que eles me puseram a refletir não estou querendo dizer que quero ser igual a eles. Apenas quero dizer que é muito difícil imaginar um ponto de inflexão entre a total coragem deles, e minha total ou irrisória covardia. Trago isso para o dia a dia. Quantas coisas não acho errado, quantas coisas não gostaria de mudar, de fazer... e não faço. Eles não são heróis, eles não são divinos. Eles são humanos. Isso eu também sou. E aí? O que os motiva? O que me desmotiva? Sei que a vida é muito mais do que um filme. Mas um filme pode refletir, sim, em várias vidas.

Wednesday, March 25, 2009

O passado faz o presente


A velha premissa de que aprendemos com os nossos erros é, na verdade, uma sábia e cômoda forma de dizer que nosso presente está intimamente ligado com o nosso passado. Ora, isso não é difícil compreender em nível individual, e está no nosso cotidiano. Se a forma com que você estudou para o vestibular não fez você passar, no ano seguinte a estratégia e a dedicação têm de ser outra. Se a cantada não conquistou a moça, o rapaz tende a mudar suas palavras e sua forma de interceptação. Se aquela empresa deu prejuízo, a aposta na bolsa de valores deverá ser mais criteriosa da próxima vez. Se o bebê toma choque com o dedo na tomada, é difícil que ele se meta a repetir o erro! Exemplos clássicos e corriqueiros. Nenhuma novidade até aí.

Na verdade, novidade nenhuma em parte alguma dessas linhas. Apenas uma interpretação de ocorridos na atualidade e que não conseguimos fazer analogias com os exemplos citados. A história do mundo, em sua complexa linha estrutural, nos atinge em cheio no presente. Seja para nos deixar viciados, seja para nos deixar alerta, seja para nos acomodar... enfim, nos afeta. E o que poderia ser bom, é visto como ruim.

Vila Velha, Espírito Santo. Jovens da rede estadual de ensino protestam pelo incremento da carga horária das aulas, que foi aumentada em uma hora. O protesto é incômodo: palavras de ordem, cartazes, faixas, apitos... parecem militantes natos de um movimento social politizado. Quem dera o fossem! Estão lá pedindo para o governo voltar atrás em uma tentativa de dar um primeiro passo, mesmo que muito pequeno, em direção a priorizar a educação pública no país. O argumento dos alunos é o de que muitos trabalham e estão chegando atrasados no emprego. Vêem a contradição? Eles estão na escola para que consigam, no futuro, conseguir um bom emprego. E quando o governo colabora com essa formação, incrementa a política social, é criticado. Muito mais fácil seria que a manifestação fosse em prol de um diálogo entre governo do Estado e as federações da indústria e do comércio para que colaborem e não descontem dos pagamentos dos jovens (coisa que a Secretaria de Educação já diz estar fazendo). Mas é fácil entender este fato mediante décadas de descaso com a educação... um momento de inflexão como este é sempre um incômodo para os que o sofrem. Que Cristovam Buarque não tome conhecimento do ocorrido! Assim, em seus gritos e devaneios, os estudantes reclamam que não foram ouvidos e que o governo foi vertical em sua decisão. Discordo pelo simples fato de verticalidade significar tomar uma decisão sem consulta. Pois bem: o clamor por educação pela sociedade brasileira dispensa qualquer consulta, apesar de, além disso, sabermos da existência de um conselho de educação em que conta com representação da sociedade civil.

Outro fato interessante. A Igreja tentando influenciar na política. Como aceitar que uma instituição que, quando detinha um poder político absurdo, como na Idade Média, abusou do bom senso em nome de uma moralidade cristã e fez atrocidades, enriqueceu com o dinheiro das indulgências, matou quem a questionava ou quem queria dar uma explicação um pouco mais racional às coisas? Pode-se argumentar que o clero daquela época nada tem haver com o atual. Concordo. Só que enquanto Instituição, a Igreja perdeu credibilidade, assim como o absolutismo, e as nações, para prevenirem-se disso, instituíram, especialmente no ocidente, o Estado laico como premissa. Não adianta esnobar a opinião do Presidente da República dizendo que ele precisa de um assessor de teologia para que ele tome a decisão de culpabilizar ou não um médico que necessitou fazer um aborto de gêmeos numa criança de 9 anos, sob o rico de morte das três crianças. A Igreja tem, sim, o direito de ser ouvida enquanto parte componente da sociedade civil gramsciniana (e o é, tendo em vista a participação de suas entidades em conselhos gestores espalhados por todo o Brasil, por exemplo), mas não deve achar que pode impor sua política cristã na política contemporânea. Portanto, o Papa ir ao continente africano clamar pelo fim da propaganda do uso de camisinha, num continente em que 1/3 da população tem AIDS é um pouco de soberba demais. O Estado não mais a ouve como antes. Na verdade, ela, a Igreja, já não é mais tão Estado, como antes. Mas isso, ela ainda não entendeu.

Outro ponto definitivamente conflitante é a questão de cotas em universidades públicas. Vejam, não creio que devemos culpar todos os brancos em nome de um passado cruel que estes proporcionaram aos negros. Mesmo porque “branco” é uma raça em processo de extinção no Brasil. Aquele que não tem negritude correndo em seus vasos sanguíneos, dê a primeira chibatada! Concordo, porém, com a culpabilização das elites pelo estado miserável que vive o pobre hoje em dia. E não digo isso em nome de uma hipócrita opinião socialista. Digo isso em face de uma história em que foi dada ao rico a chance de enriquecer mais, e ao pobre a chance de não enriquecer nada. Ora, ambos agarraram suas chances e fizeram delas maravilhas. Hoje, o quadro é esse. Não culpo a consciência do rico. Não poderia ele ficar pobre, abrir mão de sua riqueza, em nome dos milhões de pobres que o país carregava. Culpo o Estado por não entender que a Declaração Universal dos Direitos Humanos dá a todos os cidadãos a mesma importância, mas quem deveria prover isso era ele próprio: o Estado. Assim, diante de uma história de descaso com a questão da pobreza, determinar cotas para pobres na universidade é inconstitucional para os ricos, já que esta dá a todos os brasileiros as mesmas condições para ingressar no ensino público superior. O engraçado é que durante todas estas décadas não se ouvia dos ricos que a exclusão social, a pobreza, a fome, a exploração da mão de obra, a desigualdade socioeconômica, o racismo, tudo isso também era inconstitucional. Mas a conveniência, meus amigos, é a melhor de todas as propulsoras de reivindicação de direitos! Sob a ótica do pobre, ter vagas separadas para a classe é proporcionar um atalho ao longo e pedregoso caminho da inclusão social. É fácil para um rico, que procurou o ensino privado durante toda a vida, valorizar o ensino superior público quando este é melhor. Afinal, o que se argumenta é que o governo deveria investir mais no ensino fundamental e médio para que não houvesse necessidade de determinar as cotas. Vêem a conveniência? Antes, quando não havia as cotas, não havia ricos reclamando por melhoria do ensino público de qualidade. Agora há! Há de melhorar o ensino público de base sim, mas, como vimos nos parágrafos acima, a população, em especial os estudantes, não acostumaram com essa idéia.

Na saúde pública a situação não é diferente. A medicina curativa, patrocinada pelos grandes laboratórios, indústrias farmacêuticas e tecnológicas, sempre se mostrou eficaz na assistência curativa e inútil na prevenção das doenças. É óbvio que o ideal seria que as pessoas não adoecessem, para não precisarem de assistência médica com tanta freqüência. Demorou um século inteiro para que se implantasse uma idéia revolucionária no Brasil de um programa nacional que incentivasse uma medicina que promovesse saúde e não curasse doenças – o Programa Saúde da Família. Os gastos diminuiriam, a população seria mais saudável, os profissionais seriam menos frustrados. Mas isso não ocorre. A população se acostumou com o que viveu durante toda a história: uma cartela de remédios, um exame de alta complexidade, uma cirurgiazinha básica para “melhorar” sua saúde. Os profissionais também, acostumados com as máximas da eficiência e eficácia defendidas pela medicina curativa, não absorvem com a devida postura a necessidade de se investir nessa idéia. O Estado, então, por pressão tanto da população como das classes profissionais, uma pressão veiculada por uma mídia que cansa de mostrar que não entende nada de saúde pública, investe astronômicos valores em hospitais e especialistas, e põem em secundo plano aquilo que constitucionalmente deveria ser prioridade: a atenção primária. A consciência coletiva sobre saúde como ausência de doença é uma lástima que possui uma saúde de ferro, e deve, infelizmente, sobreviver por mais décadas e décadas.

Poderíamos ficar aqui descrevendo centenas de outros exemplos de como uma história marcada pela opressão e pela exclusão afeta em cheio os habitantes do presente. No Brasil, principalmente, já não é uma desculpa plausível dizer “temos uma democracia muito jovem para que possamos ver as mudanças no ideal e cultura política de nossa sociedade”, como era de praxe ouvir. Já temos quase 25 anos de democracia. Mas como esperar uma sociedade ativa e propositiva diante do histórico processo multivariado político que viveu o Brasil. Ditadura, democracia, ditadura, democracia tudo isso banhado por alguns “ismos”, como clientelismo, populismo, assistencialismo, coronelismo, desenvolvimentismo... tantos fatores negativos tinham que gerar um “ismo” central pela população: ceticismo.

Tomara que a história que descrevemos aqui como pedra no caminho de nossa nação seja substituída pelo presente atual, que já é história. Espero poder ler um texto, de preferência do meu filho, dizendo que as décadas de 1990 e 2000 foram marcadas por inflexões não muito exitosas no caráter político-social da sociedade civil brasileira, mas que graças a essas inflexões, começou a ser gerado um novo idealismo social, capaz de substituir o ceticismo por esperança, e, posteriormente, substituir esperança por satisfação. Mas sem nunca deixar de lado o pensamento de que participação é conquista, e não dádiva, como nos diz Pedro Demo, e por isso exige reivindicação constante, e não um outro “ismo” indesejável: o conformismo.