Monday, February 12, 2007

Aniversário do Futuro improvável
Imagina... 12 de fevereiro. Acordo feliz, pensando que 24 anos de vida é uma vitória. Levanto cantarolando, ensaio danças enquanto escovo meus dentes. Faço meu lanche batucando com os talheres na mesa da cozinha. Ponho uma música no som do quarto e me troco para ir à faculdade. Pois isso se chama felicidade.
Várias pessoas passam por mim na rua e não sentem minha euforia. Algumas, que me conhecem, passam. Apenas passam. Não que eu exija delas que passem ao meu lado com aquele sorriso às vezes sincero, às vezes forçado, às vezes falso, e às vezes, que ironia, um sorriso triste. Pois bem... neste caso, nenhum tipo de sorriso. As pessoas simplesmente passam.
Na hora do almoço, sento, só, numa mesa, para almoçar no restaurante da universidade. Estou lá, comendo aquela apetitosa azeitona com caroço, quando uma turma de rapazes arrastou a mesa ao lado e juntaram-na à minha. “Querem sentar-se juntos”, pensei. Sim. Eram oito rapazes e 7 cadeiras vagas. “Irão pegar uma nona cadeira na mesa de trás”, pensei. Não. Os sete rapazes sentaram-se, enquanto o oitavo sobrepôs sua bandeja sobre a minha, arrastou a cadeira que eu estava sentado, e sentou-se, não sobre mim... não em cima de mim. Ele sentou em mim, ultrapassou aquilo que chamo de carne e ossos, e que ele, a esta altura, chama de “nada”, e assentou-se à cadeira, e começou a comer.
Fiquei por alguns minutos parado, observando o interior do cérebro do rapaz, que inclusive viria a morrer de um aneurisma que eu, mesmo não sendo médico, notara em seu lobo occipital. Mas ainda estava embasbacado. Tudo me reconhecia: A escova de dente, os talheres do café, as chaves que abriram para mim a porta e o portão de casa, a bandeja do restaurante, até a mesa e a cadeira. Todos me reconheciam, todos os objetos. Realmente seres humanos não me viram. Não havia conversado com ninguém e por diversas vezes fui ignorado, tanto na rua quanto em ambientes públicos da universidade.
E engraçado como o rapaz viu minha bandeja, e colocou a dele sobre a minha sem questionar nada.Assim, passei o resto do dia. Num universo paralelo. Uma forma de não ganhar “parabéns”, de não receber abraços, de não contar às pessoas como é ter 24 anos, uma forma de não comemorar com seus amigos mais um ano em que vivo neste mundo. Ainda bem que isso acontece apenas no dia do aniversário. Já no dia 13 de fevereiro, escuto “Onde esteve ontem?” E todos os parabéns, todos os abraços, todos os sorrisos verdadeiros ressurgem. Apenas não acho a Vitória. Hoje é seu aniversário e queria dar um abraço nela. Acho que vou deixar para amanhã.

Thursday, February 08, 2007

CONTE PIADAS
João caminhava em direção à sua casa quando lembrou-se de uma piada que um amigo havia lhe contado em algum lugar, algum dia, em alguma ocasião, por algum motivo desconhecidamente esquecido. Foi tão fundo na lembrança que começara a rir, sozinho, no meio da rua... não aquelas risadas que se dão gargalhadas e que tornam-se motivos de chacotas por parte de quem vê... Era um sorriso mimoso, seja lá o que isso signifique, mas a palavra caiu bem para a singela atitude do rapaz. João estava aí, na calçada, caminhando, com os lábios esticados por uma vontade saciável de rir, mas ele não queria saciá-la. João riu... foi esticando os lábios até que expirou bruscamente com as narinas e, desse fato, mostrou-se os dentes. O riso estava completo. Andando ao lado dele, em direção igual e sentidos opostos (bendita física), Marilda, que não lembrara-se de nenhuma piada, fato, acontecimento, ou qualquer outra coisa que a fizesse dar uma risada como a de João, apenas olhou para o rapaz... e riu, pelo simples fato de ver alguém, sozinho, andando na rua, e rindo de sabe-se lá o que. Achou tão engraçado que começou a rir também, na mesma lógica do passo a passo: Esticou os lábios, expirou bruscamente, como se estivesse tirando algum alergênico do nariz, e mostrou os dentes. João, a essa altura, ainda estava rindo, mas estava longe. Marilda, ainda rindo, encontrara com Gabi, que estava, inclusive de nervos agitados, devido à tão difamada, estúpida, TPM. Mas, ao avistar tamanha audácia, uma pessoa rindo sozinha na rua enquanto ela mesma sentia-se mal-amada, parou para pensar "do que diabos está rindo essa rapariga?" E sacramentou os gestos corriqueiros... Blá, blá, blá, e zupt! Dentes à mostra... Daí, encontrou-se com Fabrício, que encontrou com Ronaldo, depois Agatha, Fernanda, Thiago (claro que sempre haveria de ter um thiago na estória... e com 'th', óbvio), Francisco, e foi se disseminando para Willian, Jhon, Peter, Amelie, Franchescco, Fridrich, Van der Ghotem, Manoel, Henricco, Kasaka, Okosuma, Guentchov, Mamula, Mohamed, Shuala, Gohan, até chegar em... João.
Conte piadas.