Wednesday, July 01, 2009



BAGDAD CAFE





Um amigo chegou pra mim e disse: "Assista Bagdad Cafe. Esse filme mudou minha vida!"

Nunca tinha nem ouvido falar nesse filme. E lendo a sinopse, me interessei: Uma turista alemã briga com o marido no meio do deserto, em Bagdad, Califórnia (EUA), e sai a pé até encontrar um decadente hotel/lanchonete/posto de gasolina, chamado Bagdad Cafe.


O enredo do filme gira em torno do choque entre culturas e personalidades. Brenda, a dona do estabelecimento, negra, intempestiva, acabara de largar do marido e tem uma relação difícil com seus filhos. Jasmim, a turista, é alvo de desconfiança, preconceito e perseguição de Brenda.


O tempo vai passando... e enquanto o tempo vai, a cumplicidade vem. Jasmim começa a fazer parte do cotidiano do local, começa a participar da vida de cada um de seus integrantes. Cuida do neto de Brenda, elogia o filho pianista, fica amiga da filha adolescente problemática, colabora com o serviço dos funcionários, serve de inspiração para Cox, um pintor Hollywoodiano e espécie de morador vitalício do local, e joga bumerangue com um andarilho mochileiro que acampara no local. E óbvio, sua relação com Brenda passa a ser de uma amizade, aberta a interpretações diversas, principalmente depois que Jasmim aprende mágica, e lota a lanchonete com seus shows, ao som do pianista, filho de Brenda.


À primeira vista, um filme normal. Inclusive, quando assisti, pensei "é um filme legal, mas não mudou nada em minha vida". Vejam vocês: 3 dias depois, estou eu com o filme na cabeça, lembro dos personagens, lembro de diálogos, das belíssimas interpretações das atrizes que interpretam Brenda e Jasmim, do bumerangue voando pelo cenário melancólico de final de dia, no meio do deserto, ao som da enigmática e ecoante música que embala as passagens de cenas e cenários "I am calling you"... essa música, sem sombra de dúvida, foi a tacada de mestre desta obra cinematográfica, do final da década de 1980. Inclusive, mais tarde fiquei sabendo que ela concorreu a Oscar de melhor música em 1988.


Uma coisa que me revoltou muito foi o fato de o filme acabar quando, segundo minhas concepções amadoras, ele estava no meio. O filme acaba do nada, deixando margem a muitas interpretações com a última fala do filme, por sinal, de Jasmim (pelo menos, a mim me causou muitas interpretações). Fui dormir meio que aborrecido até. Mas hoje, penso, Machado de Assis foi imortalizado como um escritor brilhante em Dom Casmurro, que nos deixa dúvidas eternas quanto à traição ou não de Capitu, deixando à nossa imaginação o final da trama. Por que é difícil aceitar isso neste filme?


Em fim, ainda não sei porque, mas esse filme não me sai da cabeça. Vi nele uma discussão tão simples, realizada de maneira simples, humilde, sem grandes indagações filosóficas. Vi nele apenas uma discussão de como a vida pode mudar, de uma hora para outra. Ele nos faz refletir a partir da diferença entre as pessoas. Simples, eu sei. Nada de diferente. Acho que por isso, o filme é marcante.

Assistam, critiquem, mas não o subestimem, como eu o subestimei.

Obrigado, Vinicius.

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