Doze anos depois, deparei-me com uma revistinha da Mônica. Achei fantástico... afinal, ando lendo tanto sobre coisas que na minha época de "gibizeiro" considerava o cúmulo da hiper-chatice que adorei a idéia de voltar no tempo nas páginas do Mauricio de Souza. Lembro-me que naquela época, quando cursava a sexta série do ensino fundamental, antigo primeiro grau, nossa professora de português reservava as aulas da sexta-feira para que lêssemos textos ou apresentássemos pequenas peças teatrais para a turma. Sempre (SEMPRE) fazíamos teatro, eu e meus colegas da época... Hugo, Bruna, Geraldo... outros que não lembro o nome, e que possivelmente não lembram de mim também. Pois bem... éramos felizes... as estórias das revistinhas eram facilmente retratáveis em pequenas peças teatrais, que tiravam gargalhadas da turma e suspiros de orgulho da professora Firmina. Chico Bento, Mônica (que achava realmente chata), Cebolinha, Magali e Cascão... estes dois últimos, meus favoritos. Fora os coadjuvantes: Franjinha, Penadinho e sua turma, Anjinho, Horácio, Pipa, Tina, Rolo. Todos tinham lugar nas peças, até os cachorros... o Bidu, do Franjinha, e o surreal Floquinho, o estranho cachorro do cebolinha. Nostalgia pra dar e vender...
Mas deixe-me voltar ao fato atual. Abri a revistinha e deparei-me com uma grande carga de modernidade. De cara uma estorinha (aquela de três quadrinhos na última página da revista) onde Mônica e Magali falavam do novo celular que a Magali havia comprado e que fazia de tudo. No meio da revista, a estória de Pipa e Tina,
É assim com tudo: Bola, só se for jogar futebol no play station 3 (existe algum mais novo?). Carrinho, só se for controle remoto, que pisque o máximo possível. E no mais, internet, internet, internet. Namoram mais cedo. Começam a se preocupar precocemente pela beleza padronizada e futilizada do mundo da moda e da etiqueta (baaah, pra Glória Kalil). Perdem o precioso tempo que têm pra brincar. Penso que hoje os pais reclamam que antigamente não tinham tempo pra brincar, pois eram tempos mais difíceis e tinham que trabalhar cedo. No futuro, essas crianças dirão que na época de suas infâncias não podiam brincar, pois estavam preocupados com o mundo ao seu redor.